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Take us to Bruges

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26
Set10

Então vamos lá falar de vergonha na cara

Maria

Andam por aí umas pessoas que não conhecem este projecto, não se dão ao trabalho de passar por aqui nem ponderam sequer a hipótese de esclarecer qualquer dúvida que tenham directamente comigo via e-mail. Em contrapartida são peremptórias em afirmar que eu devia de ter vergonha na cara. [desculpa RL, nós as duas já falamos e havemos de ir lanchar um dia destes mas achei o comentário da Ana Gomes de tal maneira desagradável que optei por prestar os esclarecimentos que considero devidos aqui].

 

Então vamos lá com calma:

 

Eu comecei a trabalhar em regime de part-time com 18 anos enquanto estudava em simultâneo. Conclui a minha primeira licenciatura com 21 anos. De seguida, como queria continua a investir na minha formação, optei por conjugar um trabalho a tempo inteiro com mais um trabalho em regime parcial e, deste modo, frequentar a minha primeira pós-graduação. De seguida, mudei de emprego porque, na altura o ordenado que me pagavam era superior àquele que recebia nos dois outros locais onde trabalhava e, deste modo, consegui suportar os custos inerentes ao mestrado onde me inscrevi [sendo certo que por razões várias só conclui a parte académica do mesmo o que equivale a uma pós-graduação]. Portanto sempre a trabalhar e sempre a estudar. Com 26 anos, compro a minha casa [claro que podia ter ficado em casa dos meus pais até aos 70 anos, mas convenhamos. Fartos de trabalhar estão eles e o terem-me pago a primeira licenciatura foi a melhor ajuda que me podiam dar. Também podia vir para aqui dizer que gente que asila em casa dos pais até aos 40 anos devia ter vergonha na cara e não o faço].

 

Dois anos mais tarde, arranco para aquilo que seria mais uma etapa de um percurso há muito delineado e inscrevo-me para fazer uma segunda licenciatura. Está feita. Pelo caminho, por motivos profissionais, senti que valia a pena investir numa pós-graduação mais conducente com a área de actividade e assim foi.

 

Resumindo, eu trabalho desde os 18 anos de idade [tenho 36], todo o subsídio de férias, de Natal, reembolso de IRS foi empregue na minha formação em Portugal [duas licenciaturas e três pós-graduações. E não. Não conclui nenhuma delas a um domingo] e sustento-me para o bem e para o mal vai para 10 anos.

 

Ora acontece que há um dia em que penso que com 36 anos [e considerando que a idade mínima para efeitos de reforma se mantém tal qual como está] ainda tenho mais 30 e tal anos de trabalho pela frente. E nesse dia decido continuar a cumprir o sonho que sempre tive e em vez de ficar confortavelmente instalada com a vida que tenho, decido que está na altura de ir estudar para fora do país. E começo a fazer contas à vida e percebo que gastei tudo o que tinha. E nesse dia olho em volta e percebo que a única coisa que tenho é o recheio da casa. E durante uma semana pensei no assunto. E depois houve um dia em que aqui cheguei com um sonho numa mão e o recheio da casa no outro à procura de gente que quisesse ficar com as minhas coisas.

 

Portanto, queiram desculpar, mas têm a certeza que essa conversa do “vergonha na cara” é comigo.

5 comentários

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mas que sonho é esse que tu tens, Maria?

I have a dream que, para já, passa por Bruges, mais concretamente pelo College of Europe. Acontece que um Master of Arts in EU International Relations and Diplomacy Studies lá em Bruges é coisa para me deixar penhorada por sete gerações. Ora como eu não tenho onde cair morta e estou longe de vir a herdar o que quer que seja, não me resta outra alternativa que não seja vender o recheio da casa. Quem quiser ajudar, basta divulgar.
Eu e o gato agradecemos.

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