28
Jun10
O mundo é um lugar pequeno e cheio de encontros acidentais
Maria
No decurso desta longa caminhada para chegar até Bruges, várias têm sido as pessoas que, de diferentes maneiras, decidiram acarinhar este meu sonho. À semelhança de outros, também a Tânia se ofereceu para me ceder um dos seus livros. Neste caso, um livro único de autores vários, de pessoas que partilham a mesma paixão. A paixão pela fotografia a preto e branco. Único, porque os direitos de autor foram doados à Associação Cais. Hoje, quando passei nos CTT para o levantar e porque não tinha levado o respectivo talão, fui atendida pelo chefe dos correios. Justificação dada, cartão único apresentado e encomenda entregue.
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Ora aberto o envelope, estava já eu a folhear o livro quando literalmente o senhor me o arrancou das mãos. O meu livro, dizia o chefe dos correios. Este é o meu livro. E eu feita parva a olhar para o homem e ele a mostrar o livro às colegas todo nervoso à procura das fotos de sua autoria. Este é o meu livro, dizia-me com um sorriso largo. A menina tem o meu livro. Lá me mostrou as páginas onde vinha publicado o seu trabalho e eu só me ria. Afinal, quais as probabilidades de a Tânia e o chefe dos correios serem autores de um mesmo livro. De permeio, expliquei-lhe o meu sonho e o porquê de esta obra me ter vindo parar às mãos. As pessoas em volta, todas quiseram ver o livro que o chefe dos correios dizia ser seu. No fim, ainda lhe perguntei: Olhe lá oh chefe e os CTT, an? Não me querem ajudar a pagar os estudos lá em Bruges? Arrisque, menina, arrisque que o não é garantido. Venha cá e tome lá nota da morada que lhe vou dar. Escreva para aqui, dizia-me, mas escreva mesmo. No fim, prometi-lhe que lhe haveria de dizer quem ficará com o livro [dele e da Tânia].